SÓ Ai, se eu pudesse evadir-me De mim mesmo, Desta prisão Que me põe grades, no coração ... Se eu pudesse partir, correr, Caminhar sem norte, Correr , a esmo , Na floresta dos meus sonhos , E colher rosas orvalhadas E alvas hortênsias Nas bermas das estradas ... Mas correr, cantando Hinos de louvor à vida , Pelo odor Que se emana da natureza Pelo bem da Humanidade, Pela pétala caída ... Pela beleza Da flor Que nos enche a alma e o olhar De alacridade E cor ! ... E continuo a viver , Encarcerado , Mesmo dentro de mim ... Esmaga-me o silêncio Das coisas, das pessoas ... E a labareda da loucura Continua crescendo, no incêndio Da floresta dos meus sonhos ! Ai, se eu pudesse evadir-me Das grades do meu coração ... Não mais sofreria, Como sofro ... Não ! Não ! Agora, já tudo é cinza ... Já tudo é pó .. E recomeço a sentir-me, no mundo, Isolado...Só...Muito só... Cada vez mais só ! .... JOSÉ MARIA LOPES DE ARAÚJO
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